11 de outubro de 2015

Passado.


Preocupo-me com coisas do passado,
escrevo a realidade sem tom de poema,
ou que dos escritos renascessem folhas de vida,
com o castanho singular do súbito Outono.
Sobreponho no terreno a linguagem,
tiro palavras dentro do que penso,
exalo o sentido de aquilo que faço,
como que elas pudessem ainda viver,
tal como peixes verbais no aquário do ser.
Verdade das palavras não nascem ao acaso,
nem com elas vem o peso da matéria,
quanto muito, descem ao nível dos sentimentos,
bebendo também o mesmo sangue
com que se faz viver as emoções.
servindo de alimento a outros que as lêem
como que se nelas estivesse toda a verdade.
Vejo-as caírem-me das mãos como areias,
tento apanhar fragmentos do tempo,
da vida que se perdeu nos momentos que fomos,
vou atrás deles mergulhando nos fundos 
movediços a que se dá pelo nome memória.
Será isso poema?
É então que surges,
teu corpo confunde-se com as palavras,
descreve-se em tons de poesia que te descrevem,
serpenteando as letras do verso.
Retirando-te do palco da estrofe,
chamo pelo teu nome sussurrando com medo,
apenas ouço o vento pelas ranhuras das portas e janelas,
sibilantizando  frases e prosas,
por entre recordações inúteis
que me separam de ti.

by mghorta



2 comentários:

  1. Anónimo06:26

    Tolinho,
    infernizas-te sem necessidade.

    Xoxo da Susy

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    Respostas
    1. O Inferno está sempre presente
      quando olho a sombra.
      Beijo

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