Dou comigo agitante em escrever algo, talvez um texto, um poema ou frase, porque de poema nada me ocorre, dado que só me vem à mente lembranças, lembranças de. ..
Não eram preciso ser lembranças das que fazem sorrir, muito menos as que me fizeram feliz, mas as que teimam chegar são as de lágrimas, lágrimas que limpei e não quero voltar a limpar.
Porque não aquelas partilhas em comum, partilhas que falam no silêncio, aquelas que confiei e das que fui cúmplice, as mesmas que falam, falam e falaram de nós, as partilhas que escutei, segredei e guardei nas minhas memórias, lembranças de libertação e de mágoas. ..
Podia ser um poema daqueles que escrevo nas noites de solidão, só que nada me ocorre e que vem do coração é a vontade de apagar, apagar de uma só vez o que nele existe, mas deixará de existir porque todas as lembranças, partilhas e cumplicidade me criam mágoas e lágrimas.
Hoje, podia escrever memórias que podiam provocar mudanças, mas nada ocorre nesta mente ferida, e antes de atracar no cais, eis que me revejo navegar na tempestade das lembranças tumultuosas que me fizeste relembrar, as que me ditam de uma só vez:
APAGA TUDO DE VEZ.
'Memórias são como livros escondidos em pó. ..' Lembranças que ficam na prateleira, partilhas que ficam no tempo que fizeram parte de nós, mas ficaram por ser pó, acabando por se desvanecer no passado, nem em silêncio quero voltar de novo ao livro que guardo na prateleira da história.
Recado, este texto não sei se vai ser lido, mas escrevi com sentido que um dia o livro será espanado do pó e lido.
by mghorta
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