Quatro da madrugada
ouço vozes ressonando
sensual eróticas e tramas. ..
Talvez sejam erros da noite
sem ar quente
abafado derretido
algo se passa comigo
e fico bióptimo.. ..
É isso sonhando
visão noite amena
calor Novembro castanhas
corpo em brasa
fogo cheiro a carvão. ..
Média luz
porta encerrada
recordo o fadista;
'' e de quem eu gosto
nem às paredes me confesso. ..''
olho o calhandreiro
e penso:
'' mando SMS ou não. ..''
bióptico talvez não,
sonhando. ..
Tiro a roupa
mais algo lentamente
meto a mão
como que de guitarra se trate
toco exuberante
o gémeo adormecido. ..
Acaricio
lento e vagaroso
querendo antes ser tua mão
entre as trouces umedecidas
sinto formigas
olho as pernas
gosto do que sinto
sou um homem carente
firme duro corajoso
como alguém mo diz
lembro de novo:
'' mando SMS ou não. ..''
O calhandra perto
companheiro das horas boas e más
preto
frio
silencioso
mudo
estático
apagado. ..
Espero tocando-me
as mãos sobem e descem
brutas e ausentes de outras
sinto falta de meiguices
olho as teclas
é. .. ótimo. ..
Eu amo me gosto
'' tinha fados assim''
talvez sejam loucos
tolos ou troll's
coisas de velhos
temperados a caldo verde e linguiça
talvez sim
amando a si mesmos
senão nos amarmos
não amaremos outro alguém!
Eu amei
amo de novo
em cada uma diferenças:
os tons
as vozes
o gosto
os cheiros
os pensamentos
os olhares
as ideias
os desafios
os perigos
os desejos
os sexos. ..
Porra que estou sozinho
absoluto e escorraçado
só eu e as quatro paredes
nas horas 4:07. ..
Bióptimo
pensamento soltos
nas rimas e nos poemas
só nas pontas das cordas
rascunhando ao sabor do tesão
nada mais me importa
na verdade quero soltar. ..
Visão cruel e virtual
visão sonhada
que embalo ao som das teclas
como um mulo rodando a nora no poço
aquela sensação dos antepassados
se ser batido
amado
comido
esmagado
adulterado
compreendido!
Recordações
gostos
cheiros
amassos
caricias
beliscos
recentes. ..
Hoje já é
o passado de ontem
então porque tão sozinho aqui?
Preciso de amar
se não amar
se não houver bióptimo
chega negatividade
homem incompreendido
homem vencido!
Que desperdício meu
o tempo corre
eu chamo-te pelo nome
grito mudamente
o eco ecoa nos espaços
deixados vazios no tempo
que corre veloz
duro e implacável!
Necessito
sinto-o abruptamente
dividir
somar
subtrair
este corpo com outro alguém
necessito outras mãos
que não as minhas no gémeo
tocando-me tolhido
procurando maus caminhos
linguajando vozes inaudíveis
arrancando de mim gemidos
sugando minha esporra colhada. ..
Estou desnudo
os pelos eriçados
será frio ou saudades?
Preciso de mordidas vampiresas
entra pela janela entreaberta por favor. ..
4:30. ..
'' mando SMS ou não. ..''
silêncio ensurdecedor
só a brisa lá fora
a lua escondida
nem sequer um raio
entra para banhar meu tolhido corpo
chega o místico prazer com talvez um chegado sono. ..
Começo a vagar
em mim dentro de mim mesmo. ..
Olhos de soslaio o calhandras
a mão quer ir lá
mas algo o impede
respeito pelo sono angelical de outrem. ..
Estou bióptimo
acabei vencido
olho-me e penso
sortudo que mesmo sozinho
sabes que sou amado. ..
Com este devaneio
viajo nos sonhos
só me falta dormitar
sabendo que nas florestas
me espera alguém
sem sela
correndo
para me amar. ..
Acabou a poesia
com ela a cruel realidade
amanhã outro dia
outras rotinas
outras vidas
com esperança
sem solidão
com coração
feliz por estar bióptimo.
by mghorta