30 de abril de 2014
Fado do estudante.
Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudades eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Que sorte e vil degradante
Ai que saudades eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
Só para amar vivia eu, sem me ralar
A vadiar e tudo mais eram cantigas
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
Só para amar vivia eu, sem me ralar
A vadiar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixá-las eu era canja
Até ao dia que apareceu
Essa traidora de franja
Deixá-las eu era canja
Até ao dia que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais
E a dançar para os arraiais
Para namorar beber, folgar cantar o fado
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais
E a dançar para os arraiais
Para namorar beber, folgar cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia
Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana
O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Pois chega a ser bonito até
Na radio-telefonia
Embala, encanta e inebria
Pois chega a ser bonito até
Na radio-telefonia
Quando é tocado com calor
Bem atirado e a rigor
É belo o Fado, ninguém há que lhe resista
É a canção mais popular, tem emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de eu ser Doutor e ser Fadista.
Bem atirado e a rigor
É belo o Fado, ninguém há que lhe resista
É a canção mais popular, tem emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de eu ser Doutor e ser Fadista.
Triste sorte.
Toda a vida te procurei
em noites escuras
traga o luar do céu
em uma noite menos fria
para que seja enorme a agonia
em que um dia a mais morreu.
Vou caminhado amargurado
como que minha fosse fado
meu destino poderia ser cantado
mas jamais seria mudado
porque o fado sou eu.
É triste a minha sorte,
como também a vida do fadista
em tudo em nós morreu
percorrer a vida procurando
em noites escuras
traga o luar do céu
em uma noite menos fria
para que seja enorme a agonia.
by mgorta (citando João Rosa)
29 de abril de 2014
Estações da vida.
Eu poderia ter sido outra pessoa, lá isso poderia ter sido, uma pessoa onde tudo seria fácil, menos complicado, não ter saudades, escolhi caminhos diferentes, fáceis ou não, mas sempre escolhi ser eu próprio e não o que outros desejariam que eu fosse.
No entanto com o passar dos tempos revejo-me dividido entre meu coração e o futuro, pois o passado me ensinou que as coisas vãs causaram moças, as boas deixaram saudades, hoje quando me deparo como estou vivendo o presente, mais baralhado fico com as atitudes de pessoas que tomam meu pé pensando que o resto do corpo será seu.
Não sei como isso aconteceu nem sequer mesmo as razões para que tal viesse a tomar essa forma, desejaria regressar não muito atrás, apenas doze anos atrás onde tudo era claro, tudo era real e quando na realidade fui tomado por alguém que me deixa marcas irrecuperáveis, nessa pessoa depositei toda a minha confiança, todo o meu ser e alma, amei sem limitações e sem medo, meu coração lhe pertencia.
Era feliz ao seu lado, sabia que podia tomar posse do mundo a seu lado, pegar na sua mão e caminhar sem cair, podia confiar, sentia que o amor era presente e seria duradouro.
Amava seu jeito de olhar para mim, os abraços e as suas caricias, atenções e beijos, enfim uma infinidade de coisas que eram comuns em nós, desde os sorrisos as batidas de coração, os jantares à sexta-feira, as noites que partilhamos de insónia, tudo era sintetizante de perfeitos amantes num mundo só nosso.
Mas... mas como tem sempre um mas em tudo em que se empenhamos, uns mas bem sucedidos outros mal sucedidos, e eis que tudo se desmoronou de uma forma cruel, dura e atroz para sempre na minha pessoa.
No ano em que decido colocar ponto final, como se diz na gíria mundana, calçar as pantufas e tomar rumo certo em relação à pessoa amada, surge o acidente, a morte viva que me derruba para condição de miserável, querer fazer o que desejo e não ter mais as forças de outrora para isso fazer, na verdade só me resta as saudades, as recordações e as minhas limitações.
Eu poderia ter sido outra pessoa, lá isso poderia ter sido, mas olhando com pena para trás e de lágrimas correndo pela cara reforço e digo, repetiria tudo de novo sem medo e sempre com as características que eram minha imagem, sem medo e sempre com um pé na frente.
Talvez nunca chegues a ler o que escrevo, talvez te tenhas esquecido de mim em tua vida, mas as coisas que aconteceram tem as suas marcas, e tu sabe-lo muito bem.
Na minha condição humilhante, miserável e humana só me resta agradecer os momentos que vivemos outrora, amei e sabia bem o que desejaria ter feito, ficou incompleto mas numa outra encarnação estarei te esperando em qualquer estação, seja Outono, Inverno, Primavera ou Verão.
by mghorta
27 de abril de 2014
Mulher cruel...
... tuas palavras são punhais,
espadas e facas contra mim,
usas todos os meios e afins,
para me espezinhares sem fim,
me fazes sentir como ninguém,
usas tuas vozes como unhas,
arranhando sem dó minhas feridas,
tão bem que sabes aproveitar o homem fraco.
Podes me derrubar,
apenas com um sopro,
mas ficas sem saber quem sou,
muito menos me vais conhecer.
Um dia estarei morando noutro lugar,
tu sempre me perseguirás mulher cruel,
um dia alcançarei o sossego (morte),
tu sempre me perseguirás mulher cruel.
Usas várias mascaras,
o modo de levares a vida é humilhando,
tens uma direcção apontando meus defeitos,
como que eu não soubesse quem sou,
ando cabisbaixo e só,
tentando não te ver nem impressionar,
só quero mesmo é eu ser eu mesmo,
não sendo o que queres que eu seja.
Aposto que alguém já te intimidou,
te fez diferente e cruel,
o ciclo de ambos termina aqui,
não farás o mesmo comigo,
mas ficas sem saber quem sou,
muito menos me vais conhecer.
Um dia estarei morando noutro lugar,
tu sempre me perseguirás mulher cruel,
um dia alcançarei o sossego (morte),
tu sempre me perseguirás mulher cruel.
by mghorta (citando Taylor Swift)
Estalou o verniz...
... e consequentemente,
caiu-te a máscara,
acabou as cenas,
ficou a falsidade,
que teu desamor causou,
sem dó ou perduração,
acabaste de matar um coração.
Máscara de compaixão,
mas somente era verniz,
de amor nada tinha,
despojas um ferido coração,
indo reconsiderar,
mais as tuas acrobacias.
Encenas momentos,
como palco a tragédia,
onde um ser humano baila,
numa agonia imprópria,
causando cenas de comédia,
são reais e não puro engano.
Quem és... quem enganarás,
actor passageiro ou real,
agora sem verniz e máscara,
qual a peça que ensaiarás,
quando chegar a solidão final,
onde não terás mais quem amar?
by mghorta
26 de abril de 2014
Tuas tranças.
Desde o começo,
que sei o que nos liga,
o que mais temia regressou,
podia ser poema ou verso,
mas é dor e saudade,
meu anjo porque teimas?
Conheço tua indiferença,
o passado já era,
hoje estás tão bela,
quem deveria ser diferente era eu.
A noite nos separa,
o dia nos aconchega,
meus olhos só te olham,
deixa ser apenas teu amigo.
Tranças que me agradam,
faz de ti menina e moça,
teus sorrisos são flechas,
normalidade de amantes.
by mghorta
que sei o que nos liga,
o que mais temia regressou,
podia ser poema ou verso,
mas é dor e saudade,
meu anjo porque teimas?
Conheço tua indiferença,
o passado já era,
hoje estás tão bela,
quem deveria ser diferente era eu.
A noite nos separa,
o dia nos aconchega,
meus olhos só te olham,
deixa ser apenas teu amigo.
Tranças que me agradam,
faz de ti menina e moça,
teus sorrisos são flechas,
normalidade de amantes.
by mghorta
O segredo!
Sabes um segredo?
vem de mansinho que to direi ao ouvido,
a dança que ainda iremos valsar,
é parecida com o vento jogando pétalas por todo o lado,
giram atrapalhadas mas sua beleza poisa em lugar seguro,
cada uma gira em roda do Sol,
felizes ou miseráveis,
fazem as delicias dos apaixonados.
Por hábito falo alto,
mas todos fazemos eco,
os pés e as mãos sabem o segredo,
fechemos nossas bocas seladas em beijo,
mas só a alma sabe cada passo a passo,
debruça-te baixinho se te interessa ouvir.
Não pediste para vir ao mundo,
primeiro foste matéria,
depois viraste planta,
mais tarde animal,
nele chegaste nua e bela,
como pode isto ser segredo para ti?
Finalmente tornaste-te mulher,
com sabedoria e formosura,
complacente e dócil,
quão perfeita estás!
Caminhas nas tuas jornadas,
diariamente cumprindo teu horizonte,
um dia comprida a missão,
regressarás ao céu em paz,
em forma de anjo.
Não durmas correndo,
ouve as vozes circundantes,
a noite oculta a vida,
não corras em vão,
varre o escuro da noite,
não te afastes dos que um dia foram teus.
Não viajas só,
interioriza-te e viaja em ti,
como um poço de desejos,
és iluminada pelos raios solares,
a viagem que tomaste na vida,
se transformará em alegria se ouvires.
Sofreste amarguras,
não por ignorância,
circunstâncias da vida,
carregaste trapos de outrem,
sem norte e sentido,
és alma tu e eu,
eis o que segredo que teimo dizer,
nada existe entre tu e eu, nem eu, nem tu...
.
.
.
... silêncio da noite.
by mghorta
25 de abril de 2014
À musa linda.
A vida é poesia,
caso não existisse poesia,
as flores não floriam,
borboletas não esvoaçavam.
o zero seria soma,
não existiria o arco-íris e suas cores,
nem o Sol brilharia,
bem como a Lua não seria romance,
caso não existisse poesia,
amar não teria caso,
o mar sem ondas não inspirava,
o luar sem eclipse era breu,
o poeta seria silenciado,
as musas seriam feias,
os amantes não existiam,
caso não existisse poesia,
o gelo seria sempre icebergue,
os corações fechados em si,
o medo seria constante,
por tal...
viva a vida,
as musas e a poesia.
by mghorta
24 de abril de 2014
Soneto da fidelidade.
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure"
Vinícius de Moraes
C'est la vie...
O pior de todas as coisas é a morte em vida, é pior que a morte natural. Na morte natural já não temos dores, não sentimos a dor estrutural bem como a mental, a alma adormece e acomoda-se ao seu estado natural o pó, não reclama nem suplica.
Na morte em vida é o contrário, o corpo vive e o coração bate, todo o organismo responde aos estímulos, nossos neurónios recebem mensagens cerebrais, a alma em forma de corpo é sofrida, a tristeza e a dor terrestre se aloja em nós, energias negativas se tomam conta do corpo e alma, o coração sofre por momentos que nos fazem chorar, nosso lado espiritual toma seu lado de fraqueza e vamos morrendo aos poucos até que a morte natural nos chame... enfim é a vida.
by mghorta
Coração torturado.
Tem pessoas vocacionadas para torturar corações, pegam-no da caixa torácica como que arrancando uma pedra da calçada e jogam-no no chão com uma brutalidade e frieza que nem faz lembrar aos que ainda acreditam que a vida é fácil.
Embora que isso aconteça, ele teima batendo, tum tum tum tum ele teima. Teima porque está certo, teima insistir naquilo que acredita, naquilo que o faz viver e naquilo que lhe dá alento para continuar batendo.
Mas com tantos arrancões, com tantos desapontamentos ele vira duro, cruel, fecha-se numa fortaleza onde apenas os aventureiros e merecedores poderão reentrar após muitas batalhas amorosas.
Mas mais uma vez ele pensa que seu problema se resolveu, mais uma decepção, mais uma facada, mais um trambolhão e volta ao chão sujo da realidade.
O coração volta a se lamentar;'' pensei que era diferente, juro que ainda acreditei...''
Por favor, tenha dó deste pobre coração; ''se não pretendes ficar, não insistas em me torturar, pára. Se teu objectivo nunca foi ficar, porque incrédulo, insistes em me esfaquear? Será que não vês quanto machucado estou?''
Aconselho de que se vá embora, não dê noticias, não me procure mais. As feridas são profundas e dificilmente sararão tão depressa.
Há, porque tem tantas pessoas vocacionadas para torturar corações.
by mghorta
20 de abril de 2014
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