Parta, parto, partes... Normalmente partidas remetem a dor. ‘Partiu o coração em pedaços’ ‘parti a cara’ entre outras expressões que demonstram isso. Partir realmente dói! Mas é uma dor necessária.
Os dramas românticos com mestria relatam essa realidade nas telas de cinema. Seja qual for o tipo de partida ou o motivo da mesma, esteja certo que não será fácil, por amor, dor, doença, ausência, presença, etc. Aeroportos registam muito bem isso, chegadas e partidas a todo o momento. Pessoas que escolheram ir, gente que teve que ir, que queria ir, que não queria, mas foi. Um lugar repleto de sentimentos tão opostos. De um lado da moeda, felicidade, recepção, euforia, ansiedade... Do outro lado, dor, saudade, insegurança, medo... E fé, muita fé.
Partir requer fé, coragem. Fé para encarar o recomeço que toda partida implica. Ninguém decide ir embora seja de casa, de cidade, estado, país, ou de um relacionamento sem ter que lidar com as mudanças que isso acarretará. Quis partir muitas vezes, partir do trabalho, da minha rotina, das dificuldades, mas as consequências que isso causariam não seriam assim tão vantajosas. Partir é preciso, mas mais preciso ainda é saber a hora certa de ir.
O vazio de uma solidão a dois é um bom motivo para se questionar se deve-se partir ou não. É muita infelicidade amar por dois, se esforçar por dois, viver a dois sozinho. Nesses casos partir é a melhor escolha, ir embora em certas situações não é uma fuga, mas um ato de coragem. Ir e ter certeza do motivo da partida sem duvidas é uma atitude de valentia.
Aceitar aquela proposta de emprego dos sonhos em outra cidade pode parecer arriscado, ousado demais, e realmente pode ser, mas e daí? O que vai ser preciso para você finalmente aceitar? Partir do comodismo e da zona de conforto também é extremamente necessário. Se você não fizer, ninguém mais o fará. Quiçá mudar até de país se for oportuno e vantajoso. Mas por que não partir? E por que ir? Sabendo isso já é um primeiro passo para diversos caminhos. Ás vezes, tudo que precisamos é escolher, e na maioria das vezes essa escolha pode se resumir em duas opções, ir ou ficar.
Os aviões que descolam voo também tiveram que partir e descolar e lá do alto o momento de partida já não importa mais tanto assim, nem o destino tem tanta importância no exacto momento em que ele está lá em cima, sobrevoando as nuvens. Eu parto, tu partes, nós partimos. Partimos as desilusões, as indecisões, partimos a barra de chocolate com o colega do lado, nos partimos em dois para conseguir chegar lá e, partimos muitas coisas por aí... Partimos para longe para enfim ser inteiros.