Dou por mim num pátio vazio e abandonado, vejo alguém sair de uma casa abandonada caminhando em minha direcção como que eu ali não estivesse.
Passou ao lado como que eu fosse sombra, sentou-se num muro ali perto me olhando de soslaio como eu fosse fantasma, mas repentinamente rema num barco pelo pátio como que estivesse nas nuvens, olhei para o fundo do pátio e vejo a barraca de madeira que foi palco de minhas brincadeiras, jogar à escondidas e às escolinhas, saltar às fogueiras, coisas de menino.
Repentinamente caminhava uma silhueta feminina por trás da barraca, as feições eram-me familiares mas não me recordava quem, trazia segurando uma bola nas mãos e jogou-a em minha direcção, defendi e devolvi com carinho de novo para suas mãos, interagiu de novo e trocámos a bola de novo, uma vez mais e outras mais estávamos jogando como que fossemos íntimos.
O outro alguém apareceu de novo, olhava para nós como que querendo entrar no jogo de bola, passei a bola para ele e passou-a para mim, de mãos em mãos a bola girava como que fosse o nosso mundo no momento.
Mais um passe curto e a bola caiu pelo chão, passeia com o pé na direcção da silhueta feminina que me devolve com um forte pontapé e indefensável, não me joguei ao chão para defender e disse:
__ Em outros tempos tinha-me jogado ao chão e defenderia esta bola, nunca seria golo menina...
__ Mas quem é o senhor?
__ Em muitos anos atrás eu morei aqui, brinquei com alguém com suas parecenças que morava na última casa...
__ Sim, era minha avó!
__ Uma grande senhora, meu primeiro amor de menino...
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Repente acordo, tinha regressado ao passado como que o sonho fosse tão real quanto eu.
by mghorta