18 de dezembro de 2014

Momentos.


Se eu pudesse viver minha vida de novo,
talvez não cometesse os mesmos erros,
talvez até os cometesse novamente,
talvez não tentasse ser tão perfeito,
um pouco de sacanice também é salutar,
talvez ser mais tolo e relaxar mais,
não querer levar as coisas tão a sério,
talvez ser menos higiénico e correr mais riscos,
talvez não viajasse tanto e olharia mais entardeceres,
subiria os mesmos montes e nadar mais nos rios,
talvez faria outras viagens para lugares que meu coração opinasse,
comer mais doces e menos feijão na sopa,
talvez mais problemas palpáveis que imaginários,
fui uma pessoa que viveu o possível,
cada minuto, hora ou dia tal como se apresentava,
claro que tive alegrias, bem como tristezas,
mas se voltasse a retroceder no tempo,
talvez fosse só querer viver momentos.
Caso não eu percebesse,
quero frisar hoje e dizer que a vida é feita de momentos,
por tal não perca momentos e talvez seja mais feliz.
Viajei no tempo com o peso das memórias,
se eu pudesse viver novamente,
viajaria de momentos e mais leve.
Se eu pudesse viver novamente,
gostaria de novo andar descalço,
começar na Primavera e acabar no Outono,
daria mais voltas e contemplaria mais amanheceres,
e brincar muito mais e mais com as crianças,
se eu tivesse outra vida pela frente,
talvez tivesse mais momentos felizes,
mas...
tenho a idade que tenho e talvez o tempo me tire os momentos.

by mghorta

Olha-me nos olhos Amor !


Não desvies o olhar, olha-me nos olhos, segue-os pausadamente, irás te perder na profundidade de meu olhar, não o ignorarás nem vais querer deixar-te ir.
Arrasto-te olhando-te, o cristalino olhar te envolve ao ponto de me acompanhares e serei obrigado a te dizer, preciso de ti me olhando Amor.
Olhas mais fundo e sentirás minha alma falando somente com o olhar, ao me tocares entrarás em mim.
Profundamente,
Intensamente,
Como tu gostas,
Como eu desejo e gosto.
Olha-me como tu só o sabes fazer, suspiras e fechas os olhos agitada, teu corpo contorce-se em gemidos de prazer, sussurras baixinho; 
'não aguento mais...'
Quero ver-te, quero-te olhar, preciso que me olhes de novo.
Anda, olha-me nos olhos...

by mghorta 

Poderei morrer sem dizer tudo...




Não sou diferente dos mortais,
o silêncio me sufoca e amordaça,
calado vou estar, calado estou,
porque minha linguagem é outra,
palavras sentidas e contidas,
acumulam-se por ser o que sou,
sabendo quem tu és e não resolver,
ficam represas em folhas sem anexo,
como que em cisterna de águas mortas,
ácidas mágoas em limo se formam,
num fundo retorcido de raízes tortas.


Não sou diferente dos mortais,
que nem me esforço para as dizer,
palavras que não digam o que sei,
no retiro que nem todos conhecem,
no lamaçal de minha condição,
onde me arrasto como verme,
nos lodos onde bóiam animais mortos,
almas pecaminosas e medos,
tugidos como cachos emaranhados,
no negro poço onde tudo é vão,
onde a clemência vive sobram as mãos.


Não sou diferente dos mortais,
só direi crispa-mente escondido,
surdo e mudo recolhido,
da forma como me calo sem falar,
não poderei morrer sem dizer tudo...

by mghorta  (citando Saramago)


Não e Não...


Não gosto....

de não ter o queria, do que a vida não me dá, de não conseguir ser mais e mais, ser muito melhor do que Sou, de não ter mais e mais tempo, de não ser sempre feliz.

by mghorta 

Leiria à Noite!

Aquela noite em Leiria, mercado Santana (jantar), Sunset música  e ritmo, entre o incógnito e o longínquo, éramos dois eu e ela.

Muito ambiente, calor da noite, e disse:

- prepara-te, vais ser engatada...
- doido, estou contigo...

Foi um virote, vou  ao balcão beber a minha cerveja, quando regresso ela dançava no recinto loucamente, e eu avisei, não era África mas tinha cheiro a catinga pelos ares, esperei sentado...

Assim sempre foi e será Leiria à noite, calores e música, odores e perfumes, saias e mulheres, álcool e sexo, já fui feliz em muitos lados, Lisboa, Cascais, Porto, Penedondo, Abrantes, e em muitos outros lugares, mas nada como em Leiria, bares e tabernas, tascas e restaurantes, discotecas e clubes, casas particulares e muita folia, é assim à noite em Leiria. 

by mghorta 

Porque escrevo !



A razão de escrever é um estado de graça em que me encontro, não porque tudo é lindo ou porque tudo corre bem, tanto como o mar tem as suas marés, altos e baixos como as ondas da vida, é porque eu sou assim.
Não sou completo nem perfeito, tenho o meu estado emocional tanto vai como vem, mas hoje estou de facto não querer aceitar a distância que existe entre a realidade e o irreal, escrevo para me aproximar de quem não quero perder.
Entre o incerto de uma mente vazia, escrevo por pura agonia de transpor para a página toda a tristeza ou alegria, metamorfoseando o peso das palavras para que as lágrimas não sejam rimas, escrevo por Amor ou ódio, escrevo para me recordar, escrevo para não esquecer, escrevo para que fique demonstrado as palavras que queria ter dito e não disse. 
Poderás me perguntar porque escrevo, eu entre o desenho e a escrita, prefiro escrever, porque desenhei algo no passado que não passaram de rabiscos, e hoje quero que a escrita tenha um sentido, eu e tu.
Nas folhas escritas ficam as palavras secretas que nunca pronunciei, são palavras sentidas, outras sem sentido mas entendidas, de uma forma ou outra tu entenderás porque escrevo, eu as entendo e tu as sentirás tanto como eu as sinto.
Tomando a peito o que escrevo, são minhas as letras e as palavras, tenho-as só para mim e não são de mais ninguém, pois cada palavra não é igual a outra, é assim o meu estado, e tu entenderás também o teu estado, estamos em estado de graça, por isso escrevo as palavras que são só minhas, e de mais ninguém.

by mghorta

Dedos.




Quando teclo tímido,
palavras e frases,
meu corpo contrai-se,
é como torturas sãs,
mas a carne me trai,
não faço muito esforço,
porém meus poros suam,
ao tacto dos meus Dedos,
descrevendo meus gemidos,
sem esforço tudo se torna real.
A distância das telas...
nem sequer atrapalha,
são fragmentos suados,
imaginando a magia dos dedos,
em teu corpo nu e Suado.
Não sei se entendes o que sinto,
mas os toques dos dedos nas teclas,
revelam todo o nosso desejo de Amor.
Paixão e Tesão estão nos dedos,
que se tocaram em momentos,
já te amei assim tantas vezes,
ao ponto de nossas vozes sucumbirem.
Como aquela canção:
'um dia tu vais ver,
nós nos encontraremos'.

by mghorta 


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