18 de dezembro de 2014

Olha-me nos olhos Amor !


Não desvies o olhar, olha-me nos olhos, segue-os pausadamente, irás te perder na profundidade de meu olhar, não o ignorarás nem vais querer deixar-te ir.
Arrasto-te olhando-te, o cristalino olhar te envolve ao ponto de me acompanhares e serei obrigado a te dizer, preciso de ti me olhando Amor.
Olhas mais fundo e sentirás minha alma falando somente com o olhar, ao me tocares entrarás em mim.
Profundamente,
Intensamente,
Como tu gostas,
Como eu desejo e gosto.
Olha-me como tu só o sabes fazer, suspiras e fechas os olhos agitada, teu corpo contorce-se em gemidos de prazer, sussurras baixinho; 
'não aguento mais...'
Quero ver-te, quero-te olhar, preciso que me olhes de novo.
Anda, olha-me nos olhos...

by mghorta 

Poderei morrer sem dizer tudo...




Não sou diferente dos mortais,
o silêncio me sufoca e amordaça,
calado vou estar, calado estou,
porque minha linguagem é outra,
palavras sentidas e contidas,
acumulam-se por ser o que sou,
sabendo quem tu és e não resolver,
ficam represas em folhas sem anexo,
como que em cisterna de águas mortas,
ácidas mágoas em limo se formam,
num fundo retorcido de raízes tortas.


Não sou diferente dos mortais,
que nem me esforço para as dizer,
palavras que não digam o que sei,
no retiro que nem todos conhecem,
no lamaçal de minha condição,
onde me arrasto como verme,
nos lodos onde bóiam animais mortos,
almas pecaminosas e medos,
tugidos como cachos emaranhados,
no negro poço onde tudo é vão,
onde a clemência vive sobram as mãos.


Não sou diferente dos mortais,
só direi crispa-mente escondido,
surdo e mudo recolhido,
da forma como me calo sem falar,
não poderei morrer sem dizer tudo...

by mghorta  (citando Saramago)


Não e Não...


Não gosto....

de não ter o queria, do que a vida não me dá, de não conseguir ser mais e mais, ser muito melhor do que Sou, de não ter mais e mais tempo, de não ser sempre feliz.

by mghorta 

Leiria à Noite!

Aquela noite em Leiria, mercado Santana (jantar), Sunset música  e ritmo, entre o incógnito e o longínquo, éramos dois eu e ela.

Muito ambiente, calor da noite, e disse:

- prepara-te, vais ser engatada...
- doido, estou contigo...

Foi um virote, vou  ao balcão beber a minha cerveja, quando regresso ela dançava no recinto loucamente, e eu avisei, não era África mas tinha cheiro a catinga pelos ares, esperei sentado...

Assim sempre foi e será Leiria à noite, calores e música, odores e perfumes, saias e mulheres, álcool e sexo, já fui feliz em muitos lados, Lisboa, Cascais, Porto, Penedondo, Abrantes, e em muitos outros lugares, mas nada como em Leiria, bares e tabernas, tascas e restaurantes, discotecas e clubes, casas particulares e muita folia, é assim à noite em Leiria. 

by mghorta 

Porque escrevo !



A razão de escrever é um estado de graça em que me encontro, não porque tudo é lindo ou porque tudo corre bem, tanto como o mar tem as suas marés, altos e baixos como as ondas da vida, é porque eu sou assim.
Não sou completo nem perfeito, tenho o meu estado emocional tanto vai como vem, mas hoje estou de facto não querer aceitar a distância que existe entre a realidade e o irreal, escrevo para me aproximar de quem não quero perder.
Entre o incerto de uma mente vazia, escrevo por pura agonia de transpor para a página toda a tristeza ou alegria, metamorfoseando o peso das palavras para que as lágrimas não sejam rimas, escrevo por Amor ou ódio, escrevo para me recordar, escrevo para não esquecer, escrevo para que fique demonstrado as palavras que queria ter dito e não disse. 
Poderás me perguntar porque escrevo, eu entre o desenho e a escrita, prefiro escrever, porque desenhei algo no passado que não passaram de rabiscos, e hoje quero que a escrita tenha um sentido, eu e tu.
Nas folhas escritas ficam as palavras secretas que nunca pronunciei, são palavras sentidas, outras sem sentido mas entendidas, de uma forma ou outra tu entenderás porque escrevo, eu as entendo e tu as sentirás tanto como eu as sinto.
Tomando a peito o que escrevo, são minhas as letras e as palavras, tenho-as só para mim e não são de mais ninguém, pois cada palavra não é igual a outra, é assim o meu estado, e tu entenderás também o teu estado, estamos em estado de graça, por isso escrevo as palavras que são só minhas, e de mais ninguém.

by mghorta

Dedos.




Quando teclo tímido,
palavras e frases,
meu corpo contrai-se,
é como torturas sãs,
mas a carne me trai,
não faço muito esforço,
porém meus poros suam,
ao tacto dos meus Dedos,
descrevendo meus gemidos,
sem esforço tudo se torna real.
A distância das telas...
nem sequer atrapalha,
são fragmentos suados,
imaginando a magia dos dedos,
em teu corpo nu e Suado.
Não sei se entendes o que sinto,
mas os toques dos dedos nas teclas,
revelam todo o nosso desejo de Amor.
Paixão e Tesão estão nos dedos,
que se tocaram em momentos,
já te amei assim tantas vezes,
ao ponto de nossas vozes sucumbirem.
Como aquela canção:
'um dia tu vais ver,
nós nos encontraremos'.

by mghorta 


17 de dezembro de 2014

A carta que nunca te escrevi !



Será normal começar pelo princípio, mas correcto será escrever letra por letra, palavra seguida de palavras para descrever aquilo que talvez eu nunca tivesse dito.

Primeiro realçar a minha própria condição, a mesma em que só unicamente teve perdas, perda de tempo e noção do que teria sido se tivesse escrito mais cedo esta carta, a mesma carta que nunca te escrevi.

Faltou-me amor próprio, sobriedade e humildade para te dizer mais a meu respeito e ouvir do teu, não merecemos tamanha ausência no tempo que separou de nós o que seria... talvez mais risonho.

Quanta atrocidade na vida que me prendeu ao passado? Já passaram alguns anos e confesso que com os erros do outrora já nada tenho que recuperar, mas aprender que no futuro nada será diferente se realmente não escrevesse esta carta.

Hoje recordo-me de ti lentamente, por alguns momentos revejo-me olhando-te ao longe da mesma soleira da porta, a mesma que tantas vezes ouviu nossos murmúrios, nossos toques de dedos, nossos risos e nossas promessas.
Nada mais de especial passou, nem um beijo na testa sinal de respeito te dei, mas sabia de cor que era tua vontade e meu desejo. O respeito ecoava no ar, e por isso ainda recordo os sorrisos, que embora poucos eram lindos e são a marca que ainda recordo lentamente hoje.

O cenário mudou-se, talvez o amanha nos separe de novo, a morte ou a separação, mas nada muda o sentimento que é nosso neste momento, e com ele continuaremos seguindo o trilho que é nosso neste palco da vida sofrida.

Esta nostalgia que me amedronta, saber que não estás ao meu lado, tudo isso me leva ao encontro de novo com a carta que nunca te escrevi e devia o ter feito em tempo. A verdade porém é que nada aconteceu, não planeamos o acontecimento, não tem história o passado, mas guardei sempre o sentimento que nos unia, não sei se me odeias por nunca te ter dado a conhecer a verdade dos nossos momentos e dizer-te murmurando: 'Gosto de ti...''

Sou incapaz de te dizer alto: DESCULPA, olhar-te os olhos.
Confesso que continua difícil viver com as memórias do tempo, não consegui virar a página da história, por consequência fui buscar outro, mais outro e tantos outros livros, os li e cheguei à conclusão de todos os que li não te vi ou reconheci-te neles, foi pena não te ter escrito a carta à mais tempo.

Desculpa-me de todo o mal que sofreste, talvez se tivesses-mos partilhado o mesmo mal, seríamos mais felizes.
Por fim, peço-te que não voltes a sofrer sem me dizeres, porque tudo faria de novo para que tal não tivesse ocorrido. Está bem? Aprende-se com o tempo que uma boa amizade é melhor que a quantidade de leitura vã.

Com os erros do passado, aprendi que nunca é tarde demais ou, cedo demais para seres quem queres ser e sermos o que quisemos ser. O relógio não para, nem há quem diga por onde começar, a escolha está de nosso lado, e tu somente tu tens a chave do sucesso do futuro, e espero que olhes confiadamente para o futuro, porque é nele que existe algo para tua felicidade, encontrarás outras pessoas, outro alguém, não existe regras quanto a isso, porém sei que nunca irás ler esta carta, mas se a leres confia no final:
''Talvez um dia te encontre por aí...''

by mghorta


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