Como um barco encharcado em salitre,
ancorado na praia ou no cais do tempo,
estações do ano é uma mutação constante,
rugas esparsas mapeiam o rosto,
no porto se abrigam as saudades e memória
de uma delicada vivência levada pelo vento
até que chega a sombria noite da eternidade. ..
Árvore curvada no árido mundo
deserto sem Sol, Lua e estrelas,
curvo-me perante a nocturna tristeza,
num céu iluminado de Astros
flutuando efémera-mente. ..
Primavera passa florida num relâmpago,
deixando para trás o cheiro de criança,
passos perdidos num Verão de mulheres,
quentes e sexuados, morremos embriagados,
amor passageiro num real efémero momento!
Outonal de meditações,
queda de folhas em água cristalina
que corre íngreme pela montanha
até ao meu horizonte nostálgico de Mar.
Invernosos dias do meu Mundo tombou,
trôpego no carrossel da Vida mundana,
grisalho o meu destino cai nas necrópoles
numa Lua passageira iluminando o túmulo!
Tal como tu que observas os escritos
no teu silêncio tumultuoso crispado,
nas promessas de um amor eterno
ancorado na praia ou cais dos momentos
da vivência delicada que com o vento
foi levada na sombria noite da eternidade.
by mghorta