Choro com veneno nos olhos,
tanto pela saudade como pelo feitiço
desterrando o poema que traço
enquanto pelo desamor que vivo
descaso no meu peito cansaço.
Choro com veneno nos olhos,
com consequente dor calma
tal como o desgosto vence o amor
na ansiedade de te encontrar pela rua
com pedras na mão, sinto tua alma nua.
Deixas vestígios de lágrimas e sangue,
gritos silenciosos, pudores e vontades.
Não passo de ser poema descarnado,
não quero ser guardado,
nem lido muito menos encantado.
Choro com veneno nos olhos,
na frescura lembrança do amor sentido
como que fosses tempestade,
fazendo esvoaçar pétalas floridas,
correndo forte com momentos de olhares.
Choro com veneno nos olhos,
seja no poema que traço,
seja no que nego,
seja no descaso,
como forte magia do meu penar
escorrendo na boca o amargo
relembrando dos teus lábios
tão sedentos e bons de beijar.
Nas noites paira o cheiro da chuva,
sinto a terra humedecida,
nem mesmo vejo o luar,
lembranças de promessas de amor,
esquecendo-me de amar,
sozinho e abandonado
pensando na vida,
que tanto me faz penar.
by mghorta (citando Gustavo Sinder)