Teve um Tempo em que não reclamava de nada e vivi a minha Vida como que o mundo não terminasse ali, só que um dia errado, no local errado e momento menos certo me colhe abruptamente criando assim um estado desprezável tolhido e abandonado como que o futuro não seria mais para mim, um tipo que viveu as mais extraordinárias aventuras e desventuras de um passado cheio de altos e baixos tais como as ondas do mar que vão e voltam mediante as marés mansas e revoltosas ordenadas por fases de uma Lua que nos rege.
Vítima de um orgasmo bem sucedido aos 23 de Maio de 1955, parecia que vinha desde então marcado por maleitas agruras que a vida nos vai dando gratuitamente através dos tempos mesmo que nós não o aceitássemos.
Através do tempo fui colhendo vitórias, exemplar menino que levava uma vida pacata numa terra em que nada acontecia senão viver calmamente da industria e comércio local.
Estudioso, educado, prestimoso e sempre disposto aprender a ser diferente criando meus sonhos com o que já escrevia e lia sobre o mundo, criei expectativas para um futuro em que sonhava ser bem sucedido em tudo em que me aplicasse, tal foi assim até muito tempo.
A puberdade da juventude me levou a querer dar sempre um passo mais à frente de aquilo que talvez estivesse ao meu alcance, só que repente algo me atravessa na frente me roubando o querer que atrás tinha sonhado, crenças e situações que não tinha contado que me viesse acontecer.
Começa aqui o revés de tudo que tinha proposto a fazer, vem um desditoso 25 de Abril que dá desemprego na região, procuro em terras de Espanha talvez recomeçar uma outra ocasião, mas também mal sucedida.
Regresso e venho para Leiria com o propósito de salvar o que já estava condenado ao fracasso desde Março de 1974.
Corro de um lado para o outro, até que volto a sorrir com um emprego que me devolve a pessoa que era, sucedido numa empresa de sucesso na altura, torno-me responsável e respeitado por os demais que me cercavam, e assim por diante.
Até que um dia querendo mais, saio e tento as vendas por conta própria, um erro grasso que me rouba tudo que tinha criado até ali, fracasso em todos os níveis até que me levanto de novo numa empresa de máquinas onde o sucesso me sorri, dali a outra empresa do mesmo ramo e sempre na senda de êxitos construindo o meu futuro.
Curto prazo, vem de novo um pontapé nas costas e volto à estaca zero começando a trabalhar de novo no duro a norte do país, estava tudo bem até que acontece novamente um desaire me bate à porta falindo.
Regresso a Leiria, de tombo em tombo me induzia a lutar, desta vez com mais dificuldades de me entrosar nesta sociedade de faz conta onde já estava inserido.
Aqui os meus amigos começam a bater de froche porque já não era o pagão de anteriormente.
Por milagre ou karma, enveredo numa empresa que rapidamente ressuscito e prossigo de cabeça erguida, até que um dia quando tudo já batia certo no extrato social e profissional bateu o azar naquilo que tanto tinha sonhado com um futuro risonho.
Aí, aos 27 de Agosto 2003 pela manhã chuvosa de um Agosto satânico, tombo e fico ceifado para o resto da minha Vida interrompendo assim tudo o que tinha querendo desde os meus primórdios dias, viver uma velhice saudável como qualquer vivente que sonhe e se preze em viver.
Começou uma senda de tristezas e agruras que este estado paraplégico acarreta através dos anos, "20 anos é muito tempo em que o Tempo apagou os sonhos por mim sonhados um dia atrás no passado."
As mazelas da vida fazem com que um tipo fique romântico, patético e poeta, alçando uma súbita ideia da vida prosaica tingida por sentimentos e acontecimentos. ..
Longe de mim me querer comparar como poeta, esses tem nobreza no coração e brilham quando escrevem mansamente poetando e rascunhando palavras afáveis esculpindo assim o diamante que têm dentro trazendo para o papel com amor naquilo que escrevem.
Ao invés eu apenas transcrevi agruras mazelas, não que isso me incomode, ao contrário, fortalece-me nos desvios e devaneios que hoje me vejo obrigado a escrever.
Muito antes do Poeta, o dicionário e o vocabulário das cicatrizes já redigiam a vida, vomitando o que de mais puro existe na alma de um homem ferido neste mundo cão.
Assim deitando fora o que mais puro tenho na alma serei uma estrada sem fim até que encontre o equilíbrio que necessito para tocar em diante o que quero.
Esta utopia que me deixa tortuoso para sempre, seguro e dono de aquilo que escrevo, só me lamentando de aquilo que quereria ter feito e fazer hoje para meu amanhã mais risonho.
Até um talvez amanhã!
by mghorta
❤️
ResponderEliminarObrigado 😇
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