11 de outubro de 2015

Passado.


Preocupo-me com coisas do passado,
escrevo a realidade sem tom de poema,
ou que dos escritos renascessem folhas de vida,
com o castanho singular do súbito Outono.
Sobreponho no terreno a linguagem,
tiro palavras dentro do que penso,
exalo o sentido de aquilo que faço,
como que elas pudessem ainda viver,
tal como peixes verbais no aquário do ser.
Verdade das palavras não nascem ao acaso,
nem com elas vem o peso da matéria,
quanto muito, descem ao nível dos sentimentos,
bebendo também o mesmo sangue
com que se faz viver as emoções.
servindo de alimento a outros que as lêem
como que se nelas estivesse toda a verdade.
Vejo-as caírem-me das mãos como areias,
tento apanhar fragmentos do tempo,
da vida que se perdeu nos momentos que fomos,
vou atrás deles mergulhando nos fundos 
movediços a que se dá pelo nome memória.
Será isso poema?
É então que surges,
teu corpo confunde-se com as palavras,
descreve-se em tons de poesia que te descrevem,
serpenteando as letras do verso.
Retirando-te do palco da estrofe,
chamo pelo teu nome sussurrando com medo,
apenas ouço o vento pelas ranhuras das portas e janelas,
sibilantizando  frases e prosas,
por entre recordações inúteis
que me separam de ti.

by mghorta



Indomável.


O investigador por fim,
cansou de procurar e investigar
nos corações delas,
tinham tanto de belas e frias,
distantes e matadoras,
parecidas com aquela
que o matou sem apertar gatilho,
fosse na noite escura
ou no descampado do dia,
é hoje um morto
parecido como um maltrapilho,
baleado no peito
vai observando belas meninas,
as mesmas que passaram pela sua vida,
aquelas que deixaram marcas,
marcas de nunca o ter amado,
pois seu coração massacrado
não por aquela mulher
mas pelas ausências que ela causou,
enfim... aquela mulher
com olhos cores de céu
pois o reflexo dele estavam neles,
pois era o céu que ditava a cor
do amor estampado nos olhos em dias claros
em que só o cheiro mostrava
a verdade do sentido de ser amado
por um amor indomável.

by mghorta


4 de outubro de 2015

Prelúdio de Amar.




És como folhas rubras,

tal como árvore outonal,
que tens presa nos teus lábios,
marcados por mordidas,
trincas o luar,
beijos fogosos e sedentos,
num prelúdio de amar.

by mghorta  (citando mamas à Solta)








Para que Sofrer?

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Hoje é Domingo,
de novo mês e eu sou novo eu,
terminado o Verão, chegou o Outono,
com este veio o cheiro da solidão.

Por onde andei todo este tempo,
o que fiz em prol de mim?
Que histórias terei para contar!

Apenas sei que existi,
sem alegrias e com dores,
decidir o que vai ser no futuro,
sobre por onde passarei ou o que farei,
aí vai ser preciso ter coragem para decidir.

Em face dos avanços e recuos,
me perco, me reencontro,
me desfaço ou invento,
circulo sem motivação,
afinal de contas o que vou querer!

Confuso, louco,
sou tanto paixão como frustração,
dasss como ser feliz além de trabalho,
dá em loucura.

Fiz e sinto a sensação que nada fiz,
silêncios e mudez em meu redor, 
não vou querer mais,
olho-me e vejo-me abandonado,
recuos sem volta e não sei para onde vou.

Forças para ir com o vento,
não morra em mim o desejo de voar,
sou ciclo intermitente,
fica a vontade de recomeçar,
sejam quantas vezes eu precisar.


by mghorta


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